29/04/2018

Ambições sufocantes e imediatismo


   Desligo o meu celular. Olho a tela do meu notebook e me deparo com o seguinte questionamento: o que eu quero que a faculdade me traga? Pois bem, eu quero ser uma pessoa mais confiante. Eu quero conseguir falar bem em público, quero poder fazer seminários, ou mesmo explicar meu posicionamento para a classe, sem me sentir impotente. Quero ser confiante o suficiente para que eu não me sinta mais tão pequena diante das pessoas: sem graça, feia, boba, infantil, chata. Quero me apaixonar por alguém, mas também quero sentir reciprocidade nisso. Aliás, quero me apaixonar por mim também, e ser menos crítica diante dos meus pensamentos e comportamentos. Quero fazer amizades que eu sinta que são para a vida, e quero me sentir acolhida por um grupo de pessoas como eu nunca me senti na minha vida. Quero poder ir em festas sem me importar muito com quem eu vou, só por saber que eu sou completamente segura a ponto de conseguir me divertir comigo mesma, sem precisar de beber para poder diminuir esse imperativo, esse senso de autopreservação, que tanto me tensiona. Quero me sentir pertencente a um ambiente. Quero ser capaz de acolher as outras pessoas, quero aprender a me acolher. Quero olhar no espelho e me orgulhar de tudo o que eu sou, inclusive com os meus defeitinhos. Quero sentir menos rancor das pessoas e aprender a perdoá-las, mas primeiro quero aprender a me perdoar. Quero ser reconhecida pelas minhas habilidades. Quero saber explicar conteúdos, situações e acontecimentos, assim como meus posicionamentos pessoais, para as pessoas. Quero ser uma ativista feminista, quero me engajar mais na política, quero fazer a diferença. Quero me importar menos com o fato de as vezes ser ignorada, de algumas vezes as pessoas não me cumprimentarem, porque eu saberei que não foi de propósito: ou se for, quero ser confiante o suficiente para saber que a culpa não é minha. Quero saber respeitar as minhas limitações, e saber com o coração que eu posso pedir ajuda quando eu precisar, e não só quando eu estiver prestes a explodir. Quero estar em um relacionamento sério, poder sentir gestos apaixonados. Quero não me sentir tão burra quando eu não entendo uma matéria, nem tão ingrata quando reclamo de algumas coisas que me aborrecem no momento. Quero saber entender que a toxidade das pessoas não é culpa minha, e que eu não sou obrigada a aturar pessoas que me fazem me sentir menor. Quero poder me sentir mais confortável no meio social. Quero estar feliz onde eu estou. E eu quero tudo isso imediatamente, o que é um erro.
   As coisas não vão ser entregues de mão beijada para você, menina, e você precisa entender isso. Você precisa correr atrás, assim como você está correndo exatamente nesse momento, totalmente jogada nesse novo mundão completamente aversivo a sua zona de conforto. Mas você precisa entender também que coisas assim demandam experiência: demandam tempo. Então, calma!
   Calma, respira fundo, tenta aproveitar mais toda essa caminhada, por mais dolorosa que ela possa ser. Calma, não saia se atropelando toda assim, porque no fim você vai conseguir tudo isso que você deseja, sério mesmo. Mas você precisa de calma. Respira fundo, feche os olhos, cumpra com as suas responsabilidades e fique satisfeita com o seu desempenho presente. Porque você precisa ser mais humilde consigo mesma, moça.
   Assim como demoramos para aprender a andar com nossos próprios pezinhos no mundo, nosso crescimento interno também é demorado. Extenso e lento. Então calma, não se estresse. Vai dar tudo certo.
   Aproveite a caminhada. Olhe para o seu redor e repare nas pequenas coisas que, na pressa, você esquece de reparar. Olhe para as pessoas e queira estar com aquelas pessoas, leia textos querendo lê-los (por mais que alguns, cof cof Cofer, sejam difíceis de engolir). Esteja presente nos momentos, absorva o máximo deles e esteja satisfeita com o seu desempenho neles. Permita-se aproveitar mais esses momentos, mulher, e não fique presa no futuro. Porque, assim como já explícito, essas coisas vão acontecer, então calma. Para que pular etapas? Pense no depois, mas pense especialmente no agora. Assim você aproveita mais toda essa oportunidade sensacional que você está podendo vivenciar.
   Até porque se já viéssemos ao mundo com todas as nossas ambições pessoais concretizadas, para que então estaríamos vivendo? Qual seria a graça de estarmos aqui sem possuirmos a capacidade de mudar, de crescer?
   Pois é. Então respira. Agradeça pelos momentos, por mais difíceis que eles sejam, só por saber que eles vão ser essenciais para o seu crescimento pessoal. E aproveite essa caminhada que, acredite em mim, pode ser maravilhosa. Vai ser maravilhosa.

Início de abril, pós churras da psico

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