02/01/2017

(2016) Continue a desafiar-se, continue a desafiar-se...


   Enquanto 2015 foi um ano repleto de implosões, 2016 foi um ano de explosões. Diferentemente de 2015, que foi um ano em que eu acabei por descobrir várias coisas sobre mim mesma, um período que eu precisei para me abraçar e me tratar devido a maneira como eu antes havia me destruído, 2016 foi um ano em que eu agora precisava deslocar as mudanças que ocorriam dentro de mim para o externo. E, se existe uma palavra que defina completamente o meu ano, essa palavra é "desafios", pois fiz questão de que ela estivesse presente em todos os momentos desse ano, que de longe foi pacífico.
   O ano já começou com uma experiência turbulenta: pela primeira vez na minha vida eu ficaria mais de um dia inteiro longe da minha principal zona de conforto, lugar onde eu houvera concentrado toda a minha confiança, como quem concentra açúcar no açucareiro, sem querer que ele se espalhe pela mesa. E acredite, isso foi muito mais difícil do que hoje parece ter sido. Nesse local eu passei por tantos momentos de frustração, de inseguranças e, por fim, de desesperos que eu sem fraquejar poderia considerá-lo como um dos piores momentos da minha vida, porém, ironicamente hoje eu já possui uma outra visão sobre ele. Vendo-o, logicamente, de uma maneira muito mais racional, dádiva oferecida pelo tempo, percebo hoje que tudo o que aconteceu comigo naqueles dias, que me foram tão tenebrosos, foi de extrema importância para me fazer perceber que eu não queria mais ter comigo uma parte de mim que me fizera sofrer tanto, tanto naquele momento quanto nos anos anteriores: a constante dependência. E esse choque de consciência foi uma das melhores coisas que eu já recebi, mostrando já qual seria o rumo deste ano.
   Em seguida, invadiu-me novamente toda a insegurança em ter de retornar a aquele ambiente, que nunca houvera conseguido me abraçar (ou pelo, que nunca deixei que me abraçasse). E, mesmo que neste momento eu já não estivesse inteiramente sozinha, como no anterior, a ideia de voltar para lá e ter de encarar aqueles mesmos rosto conhecidos, que antes já houvera traumatizado tanto, ainda me deixou com muito medo. E eu tive que enfrentar esse medo, dessa vez de uma vez por todas - até porque aquele seria o meu último ano neste ambiente, e eu tinha em mente o meu objetivo: fazê-lo inesquecível. E, olha, realmente foi.
   Foi um ano difícil, cansativo. Foi um ano em que eu tive que ir quebrando várias barreiras internas que eu havia colocado sobre mim, e aqui entra os desafios. Sentei no fundo da sala de aula, comecei a criar um vínculo que achei estar forte o suficiente com uma pessoa muito especial, comecei a conversar com novas pessoas, mesmo que ainda no fundo eu continuasse totalmente na defensiva. Eu comecei a me sentir mais a vontade naquele lugar. No entanto, no exato momento em que eu pensei "agora sim, está tudo finalmente bem" que as coisas começaram a acontecer, e tudo numa bola de neve, como se fosse para compensar todo o período em que eu havia sido tão inativa. 
   Por um grande período eu tive muito medo de coisas tão simples, como cumprimentar as pessoas, e é engraçado lembrar-me disso. Tive tantas crises internas devido a isso, que toda vez que eu encontrava uma pessoa conhecida por perto eu começava a ficar desesperada, como se fosse a coisa mais grandiosa do mundo. Mas, afinal, no fundo realmente foi. Outro medo constante foi de ter de ir conversar com os professores - e talvez, talvez mesmo, ainda eu tenha um pouquinho desse medo - só que neste caso eu tive que tomar iniciativas muito rapidamente, até porque os vestibulares no fim do ano não se importariam com o fato de eu ser insegura ou não. E, gente, foi uma das melhores coisas que eu fiz nesse ano. Porque, por causa disso, por causa dessa barreira que eu havia conseguido romper, mesmo que talvez não totalmente (afinal, avancemos sempre de pouquinho a pouquinho), eu comecei a deixar a minha marquinha naquele local, e ser reconhecida por pessoas que você admira demais é sem dúvidas indescritível.
   Em 2016, comecei finalmente a conhecer novas pessoas da forma certa: sem querer forçar um parafuso. E três dessas pessoas foram de muita importância nessa minha caminhada. A primeira foi uma das pessoas mais incríveis que eu já conheci, pois ela era tão diferente de mim que muitas vezes eu acabei por sentir-me intimidada ao conversar com ela, e lógico que vários traços de sua personalidade me marcaram demais, os quais me fizeram pensar na pessoa que eu queria começar a me tornar: independente, segura e que não liga para a opinião alheia. A segunda, essa foi a pessoa com quem eu menos esperaria me aproximar, foi a segunda maior responsável por todas os desafios aos quais eu havia proposto encarar neste ano. Afinal, ela era tão determinada e "cara de pau", e fazia coisas tão notáveis, que me fez refletir sobre o que eu estava perdendo por não começar a agir. Foi essa pessoa que me fez participar do último evento que eu esperava me ver, o qual, por mais desconfortante que foi, me acrescentou demais. Foi essa pessoa que me incentivou a correr atrás dos meus estudos de uma maneira que eu nunca havia feito antes. Foi essa pessoa que entregou nas minhas mãos a liderança de um projeto, algo que foi bem desafiador (e talvez até traumatizante, no bom sentido). Foi essa pessoa que me fez disponibilizar para um monte de pessoas (inclusive para uma professora que me intimidava, e intimida ainda, tanto) meus escritos pela primeira vez. Foi essa pessoa que me fez perceber de uma vez por todas que ser estudiosa e dedicada, ser uma "nerd", não é um coisa ruim (aliás, pelo contrário, não é mesmo?). Em suma, essa foi uma das pessoas que mais me incentivaram a correr atrás das mudanças internas que eu precisava abraçar. E a terceira, essa pessoa foi a que me fez compreender que é possível ser admirada por pessoas que eu admiro, e, mesmo me irritando com o fato de sermos muito parecidas em vários aspectos (tive que começar a desconstruir essa frustração "do igual" também), o fato de uma pessoa que eu acho sensacional, a ponto de em vários momentos eu ter sentido muita inveja de seu caráter, dizer que o mundo precisa de mais pessoas como eu para se tornar melhor, sem dúvidas me deixou perplexa. Além de muito emocionada, é claro.
   Em 2016, beijei mais caras do que eu poderia imaginar e, aliás, ainda acabei, de maneira totalmente desprevenida, beijando uma pessoa no meio de várias outras que me conheciam, quebrando então uma imagem que eu tanto sustentava, tanto internamente quanto externamente, sem nenhum necessidade: o da garota "certinha" demais. Em 2016, percebi que rótulos como esse só servem para limitar as pessoas, e que, portanto, eu posso fazer o que eu quiser quando eu quiser. Em 2016, senti pela primeira vez a sensação maravilhosa de poder dançar sem se importar se pareço um boneco de posto, deixando meu corpo ser levado pela música. Em 2016, sai pela primeira vez com alguém, e mesmo que no fim não acabamos nos envolvendo, toda essa experiência foi muito gratificante e me acrescentou muita confiança. Em 2016, comecei a andar de ônibus, e tive finalmente, mesmo breve, o gostinho da independência, e isso é sensacional! Em 2016, percebi que minha opinião realmente importa. Em 2016, percebi que eu preciso começar a impor minha presença, e não esperar que as pessoas me puxem. Em 2016, fiquei sabendo, por uma pessoa por qual eu tenho um enorme carinho, que eu tenho um dos melhores abraços do mundo, e portanto passei a começar a distribuí-lo mais. Em 2016, percebi que não se deve eternizar um sofrimento. Em 2016, percebi que tudo que eu passei foi importante para construir quem eu sou hoje. Em 2016, percebi o quão importante é abraçar o passado ao invés de tentar apagá-lo. Em 2016, percebi que eu posso realizar mudanças ao meu redor (agora só me falta um pouco mais de coragem). Em 2016, percebi a importância de um abraço para uma pessoa. Em 2016, votei de maneira consciente. Em 2016, comecei a entender o que acontece no mundo ao nosso redor. Em 2016, percebi que eu tenho que ser quem eu sou, defender o que eu penso e confiar na minha intuição, na minha moral. Em 2016, percebi que as pessoas gostam de mim por quem eu sou de verdade, mesmo que eu muitas vezes eu ainda desconfie se eu sou realmente uma pessoa bacana. Em 2016, me senti uma princesa numa das comemorações mais épicas da minha vida. Em 2016, tomei coragem e demonstrei meu carinho de maneira pública para as pessoas que me acrescentaram tanto nesses anos. Em 2016, passei a me valorizar mais. Em 2016, decidi que eu quero gravar vídeos. Em 2016, tomei a minha primeira iniciativa com um cara. Em 2016, percebi, e percebo cada vez mais, que o meu coração clama pelo curso de Psicologia. Em 2016, senti pela primeira vez ter a idade que eu tenho. Em 2016, percebi o quão terrível e injusto é o mundo, e por um certo período comecei a cogitar que o socialismo poderia ser a salvação dele. Em 2016, descobri que as mulheres tem sim de se empoderar. Em 2016, comecei a finalmente ter em mente que eu posso sim me maquiar e ainda assim me sentir a pessoa mais linda do mundo sem ela. Em 2016, percebi que eu sou uma pessoa muito intensa, e que quando eu amo alguém eu a amo com todas as minhas forças. Em 2016, eu percebi que tenho tanto orgulho por ter a família que eu tenho que eu não a trocaria por nenhuma outra, jamais.
   2016 foi um ano repleto de ensinamentos, de correr atrás finalmente do que eu quero e perceber que tudo que eu conquistei foi porque eu realmente me dediquei para isso. Portanto, 2016 foi sem dúvida o melhor ano da minha vida até agora, já que me fez perceber que eu sou o agente da minha vida, e ninguém mais. O tempo passa muito rápido, e seria idiotice minha procrastinar mais e deixá-lo voar de minhas mãos, assim como procrastinei a minha vida inteira. Aliás, 2017 já começou, e eu já comecei a me desafiar desde já: toquei e cantei para alguém que eu não imaginava ter coragem pela primeira vez. E a satisfação por ter feito isso foi incrível! E eu só quero que 2017 seja tão bom, ou ainda melhor, do que esse ano foi, até porque muitas mudanças ainda virão neste ano, e dessa vez envolvendo uma esfera ainda maior e mais externa. Afinal, desafiar-se e se surpreender com isso, como eu já disse muitas vezes, é uma das melhores coisas do universo! E eu quero fazer isso para sempre.

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